sábado, 9 de março de 2013

A VIDA EM NÚMEROS OU AS RAZÕES DO MEU CANSAÇO


Desde o início do mês de março, com os prazos institucionais se esgotando, tive de preencher o Currículo Lattes, do CNPq, e a partir dele o Relatório de Atividades Docentes (RAD), instrumento administrativo utilizado para aferir se um docente efetivamente trabalhou no ano anterior, uma espécie de Imposto de Renda Pessoa Física das atividades acadêmicas.
Ao preencher tais instrumentos de controle, fui forçado a juntar os comprovantes das atividades guardados nas estantes e gavetas. E somente assim pude me aperceber das razões pelas quais me encontro com tamanho cansaço.
No RAD são previstas 3120 horas de atividades; quando você ultrapassa esse total o sistema não aceita a inserção dos dados. Extrapolei isso em 2012 em mais de 200 horas, segundo os critérios institucionais.
Todavia, pressupondo que tivéssemos produzido as horas estabelecidas como teto no sistema informatizado, isso significa que há uma previsão média de 8,5 horas diárias de trabalho; e se considerarmos apenas 30 dias de férias, esta carga sobe para 9,3 horas diárias.
Como é possível isso? Simples: basta sacrificar sábados, domingos, feriados, férias, lazer, exercícios físicos. É o que acabei fazendo para dar conta das atividades e compromissos assumidos (Bancas, orientações de graduação, mestrado, doutorado, iniciação científica, eventos a organizar e a participar, publicações, aulas, etc.).
E o resultado disso é compensador?
Sob o ponto de vista funcional, não! – recebemos a mesma remuneração de quem faz muito menos.
Sob o ponto de vista físico, não! – ficamos um bagaço humano, estressados, cansados, estafados física e mentalmente.
Sob o ponto de vista do relacionamento humano, sim! – poder participar da vida das pessoas e dos momentos importantes para elas (uma Banca Examinadora, por exemplo); poder auxiliar na caminhada nem sempre clara ou facilmente vislumbrada pelo orientando (numa orientação de Iniciação Científica, Monitoria, TCC, Dissertação ou Tese); poder chegar até as pessoas e dividir com elas a compreensão de determinados problemas sociais sob uma perspectiva crítica (num livro, capítulo de livro ou artigo; numa aula, palestra ou curso de extensão); poder estar com os colegas e aprender com eles, na cúmplice troca de idéias dos Grupos de Pesquisa. Isso tudo é que acaba por tornar compensador tamanho esforço.
Os dados de 2012 (04 Grupos de Pesquisa; apresentação de trabalhos em eventos nacionais e internacionais; oito disciplinas na Graduação; oito disciplinas na Pós-Graduação; dois livros organizados e publicados; cinco capítulos de livro; um prefácio de livro; um artigo em periódico Qualis; seis orientações de doutorandos; onze orientações de mestrandos; uma orientação de graduando de Iniciação Científica; cinco orientações defendidas; vinte e duas bancas de Mestrado e de Doutorado) retratam o tamanho do meu cansaço.
Entretanto, estes números dizem muito mais que isso, pois revelam a alegria de alguém que se sente realizado naquilo que faz e que está disposto a continuar fazendo o que gosta.
Portanto, grato àqueles e àquelas com quem pude trabalhar em 2012. E continuem contando comigo em 2013, pois quando eu aposentar ou “cantar prá subir” (rssss), aí haverá tempo suficiente para o devido descanso! But not now, not yet!!!


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