Desde o início
do mês de março, com os prazos institucionais se esgotando, tive de preencher o
Currículo Lattes, do CNPq, e a partir dele o Relatório de Atividades Docentes
(RAD), instrumento administrativo utilizado para aferir se um docente
efetivamente trabalhou no ano anterior, uma espécie de Imposto de Renda Pessoa
Física das atividades acadêmicas.
Ao preencher
tais instrumentos de controle, fui forçado a juntar os comprovantes das
atividades guardados nas estantes e gavetas. E somente assim pude me aperceber
das razões pelas quais me encontro com tamanho cansaço.
No RAD são previstas
3120 horas de atividades; quando você ultrapassa esse total o sistema não
aceita a inserção dos dados. Extrapolei isso em 2012 em mais de 200 horas,
segundo os critérios institucionais.
Todavia,
pressupondo que tivéssemos produzido as horas estabelecidas como teto no sistema
informatizado, isso significa que há uma previsão média de 8,5 horas diárias de
trabalho; e se considerarmos apenas 30 dias de férias, esta carga sobe para 9,3
horas diárias.
Como é possível
isso? Simples: basta sacrificar sábados, domingos, feriados, férias, lazer,
exercícios físicos. É o que acabei fazendo para dar conta das atividades e
compromissos assumidos (Bancas, orientações de graduação, mestrado, doutorado,
iniciação científica, eventos a organizar e a participar, publicações, aulas,
etc.).
E o resultado
disso é compensador?
Sob o ponto de
vista funcional, não! – recebemos a mesma remuneração de quem faz muito menos.
Sob o ponto de
vista físico, não! – ficamos um bagaço humano, estressados, cansados, estafados
física e mentalmente.
Sob o ponto de
vista do relacionamento humano, sim! – poder participar da vida das pessoas e
dos momentos importantes para elas (uma Banca Examinadora, por exemplo); poder
auxiliar na caminhada nem sempre clara ou facilmente vislumbrada pelo
orientando (numa orientação de Iniciação Científica, Monitoria, TCC, Dissertação
ou Tese); poder chegar até as pessoas e dividir com elas a compreensão de
determinados problemas sociais sob uma perspectiva crítica (num livro, capítulo
de livro ou artigo; numa aula, palestra ou curso de extensão); poder estar com
os colegas e aprender com eles, na cúmplice troca de idéias dos Grupos de
Pesquisa. Isso tudo é que acaba por tornar compensador tamanho esforço.
Os dados de 2012
(04 Grupos de Pesquisa; apresentação de trabalhos em eventos nacionais e
internacionais; oito disciplinas na Graduação; oito disciplinas na
Pós-Graduação; dois livros organizados e publicados; cinco capítulos de livro;
um prefácio de livro; um artigo em periódico Qualis; seis orientações de
doutorandos; onze orientações de mestrandos; uma orientação de graduando de
Iniciação Científica; cinco orientações defendidas; vinte e duas bancas de
Mestrado e de Doutorado) retratam o tamanho do meu cansaço.
Entretanto,
estes números dizem muito mais que isso, pois revelam a alegria de alguém que se
sente realizado naquilo que faz e que está disposto a continuar fazendo o que
gosta.
Portanto, grato
àqueles e àquelas com quem pude trabalhar em 2012. E continuem contando comigo em
2013, pois quando eu aposentar ou “cantar prá subir” (rssss), aí haverá tempo
suficiente para o devido descanso! But
not now, not yet!!!
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