Olá, estive bem ausente deste veículo de comunicação. Tive que priorizar oito capítulos de livros e as demais atividades neste tempo. Todavia, nada mais apropriado para retomar o contato com algo que retrata o nosso zeitgeist (espírito do tempo).
CANSAÇO
(Fernando Pessoa)
O que há em mim é sobretudo cansaço
Não disto nem daquilo,
Nem sequer de tudo ou de nada:
Cansaço assim mesmo, ele mesmo,
Cansaço.
A subtileza das sensações inúteis,
As paixões violentas por coisa nenhuma,
Os amores intensos por o suposto alguém.
Essas coisas todas -
Essas e o que faz falta nelas eternamente -;
Tudo isso faz um cansaço,
Este cansaço,
Cansaço.
Há sem dúvida quem ame o infinito,
Há sem dúvida quem deseje o impossível,
Há sem dúvida quem não queira nada -
Três tipos de idealistas, e eu nenhum deles:
Porque eu amo infinitamente o finito,
Porque eu desejo impossivelmente o possível,
Porque eu quero tudo, ou um pouco mais, se puder ser,
Ou até se não puder ser...
E o resultado?
Para eles a vida vivida ou sonhada,
Para eles o sonho sonhado ou vivido,
Para eles a média entre tudo e nada, isto é, isto...
Para mim só um grande, um profundo,
E, ah com que felicidade infecundo, cansaço,
Um supremíssimo cansaço.
Íssimo, íssimo. íssimo,
Cansaço...
POR QUÊ?
Não disto nem daquilo,
Nem sequer de tudo ou de nada:
Cansaço assim mesmo, ele mesmo,
Cansaço.
A subtileza das sensações inúteis,
As paixões violentas por coisa nenhuma,
Os amores intensos por o suposto alguém.
Essas coisas todas -
Essas e o que faz falta nelas eternamente -;
Tudo isso faz um cansaço,
Este cansaço,
Cansaço.
Há sem dúvida quem ame o infinito,
Há sem dúvida quem deseje o impossível,
Há sem dúvida quem não queira nada -
Três tipos de idealistas, e eu nenhum deles:
Porque eu amo infinitamente o finito,
Porque eu desejo impossivelmente o possível,
Porque eu quero tudo, ou um pouco mais, se puder ser,
Ou até se não puder ser...
E o resultado?
Para eles a vida vivida ou sonhada,
Para eles o sonho sonhado ou vivido,
Para eles a média entre tudo e nada, isto é, isto...
Para mim só um grande, um profundo,
E, ah com que felicidade infecundo, cansaço,
Um supremíssimo cansaço.
Íssimo, íssimo. íssimo,
Cansaço...
POR QUÊ?
(Autor desconhecido)
E do cansaço se fez a dor,
E dela o lamento, o sustento, o fundamento,
De quem vê com melancolia e desencanto
A frivolidade e a leviandade virarem canto
E os rompantes de vazio e mediocridade, verdade.
Deitar no chão, encolhido e quieto ficar
Proteger-se na própria solidão e mergulhar,
Num mudo e ruidoso repousar.
Mudar o mundo!? Pra quê!? Quem quer!?
Quixote de um mundo sem Dulcinéias.
Tensão que corrói o espírito
Em que o fato é e a cegueira impera
Onde as estrelas deixaram de guiar os viajantes
E os sonhos são relíquias de museus,
Pois consumir é preciso, viver não.
Por que não desistir? Por que não se entregar?
Se o gado e o rebanho querem tablets e não liberdade.
Por que não morrer, se caminhamos mesmo para o abismo,
Conduzidos por pastores, políticos e tecnocratas?
Por que continuar, se não há um aonde ir?
Se a caixa de Pandora se rompeu, onde está a esperança?
A esperança se escondeu no cansaço e na melancolia,
E no riso largo e no desdém que deles brota,
Na palavra, no olhar, na escuta, no argumento, na razão, no sentimento, na utopia,
De quem ainda não morreu, porque continua a perguntar: Por quê?
Muito bom retorno!
ResponderExcluirNada como o cansaço de que quem não se cansa, de quem tem esperanças e não desiste nunca, para nos motivar a não parar.
Saúde, força e trabalho...